A MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E NO TRABALHO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA

A MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E NO TRABALHO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA

Foto: SPS Consultoria

O professor, em algumas realidades, tem ao seu dispor, como um recurso pedagógico, a tecnologia em sala de aula, esta pode, de maneira saudável, facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Ao estudante, pode ser possível compreender o assunto de modo prazeroso e contextualizado com a realidade e atualizado em tempo real, motivando-o e tornando a aula mais interessante. 

Desta forma, faz-se necessário que o professor se instrumentalize por meio de formação continuada para aprender melhor a evolução técnica, científica e da informação, a fim de promover uma abordagem mais didática e construtivista de ensino, sendo assim, poderá problematizar os conteúdos e uni-los com a realidade local-global da comunidade escolar. (PITANO e NOAL, 2015)

A fim de seguir a dinâmica do ensino da Geografia, é preciso contextualizar, dar significado para as informações que chegam a todo momento, fazendo com que por meio destas, seja possível utilizá-las como ferramenta para análise e reflexão. Levando em consideração a globalização das tecnologias, as informações estão em todos os lugares a todo o tempo. (LIBÂNEO, 2008)

Com maior ou menor acesso, no entanto, as novas tecnologias da informação e os diferentes meios de comunicação, por exemplo, o rádio, o jornal, a revista, a televisão, o computador, o telefone, o fax e outros estão presentes nos espaços sociais ou incorporados ao cotidiano de vida das pessoas, de maneira que modificam hábitos, costumes e necessidades. Os meios de comunicação, melhor dizendo, as mídias exercem cada vez mais um papel de mediação e de tradução da realidade social. A seu modo — um modo editado e, por vezes, manejado —, elas contam o que acontece no mundo, fazendo com que grande parte da realidade seja percebida de forma virtual (LIBÂNEO, 2008, p. 67).

Pitano e Noal (2015) afirmam que a globalização unificou o mundo de uma maneira que aproximou e evoluiu o acesso à informação, além disso, em um mundo tão conectado, até mesmo as relações são virtuais. Atualmente, prevalecem na sociedade os interesses econômicos, que por sua vez, refletem no modo de viver das pessoas como no consumo desenfreado, apresentando assim uma realidade que ao mesmo tempo é desigual e unificada.

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A Geografia é a gramática do mundo. Ela explica o espaço de maneira múltipla e considera os fenômenos complexos. O educador tem a responsabilidade de promover em seus estudantes a capacidade de ler o mundo sob uma perspectiva crítica, analítica e reflexiva por meio de sua abordagem. Através deste processo poderá utilizar das mídias e das tecnologias como meio de chamar a atenção dos discentes e assim, contextualizar os conteúdos com a realidade, pois todos, em sua maioria, possuem o acesso à informação disponibilizado pelas mídias, sobretudo pela televisão. (PITANO e NOAL, 2015)

         Pitano e Noal (2015) salientam ainda, que em um mundo totalmente tecnológico não se pode deixar de lado o fato de que os estudantes estão mudando, pois estão inseridos nesse lugar. “Mundializou-se a informação e a economia de tal modo que não se pode mais estudar fatos ou fenômenos isoladamente”. (PITANO e NOAL, 2015, p. 71)

         Portanto, é importante que o professor tenha consciência desta evolução e a utilize a seu favor e, sobretudo, a favor do conhecimento, sempre de forma que demonstre a criticidade e a contextualize. 

Descobrir as causas da pobreza, do desemprego, do analfabetismo, da guerra; significa distinguir o explorador do explorado, o opressor, do oprimido; significa reconhecer através de que meios os opressores mantêm o poder; através de que meios, ao contrário, os oprimidos se libertam. Ou seja: ver a realidade com o sentido crítico significa muito mais do que estar informado sobre os fatos do presente ou do passado; significa ser capaz de interpretar seu sentido (NIDELCOFF, 1978, p. 30).

Conforme o professor evolui, cresce também, a sua prática baseada na ação educativa dialógica, ele constrói o desenvolvimento das potencialidades do sujeito a fim de explorar, também, a sua consciência, já que o diálogo em grupo possibilita expor tanto as inquietações quanto as soluções do indivíduo e do grupo. Portanto, a palavra é o fundamento do diálogo como manifestação da consciência do indivíduo. (FREIRE, 2000)

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De acordo com Santos (2002, p. 23) “a globalização é, de certa forma, o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista”. Portanto, um dos aspectos principais da globalização é o crescimento do fluxo das informações que causam a mudança tanto na vida, quanto na economia das pessoas. 

No fim do século XX e graças aos avanços da ciência, produziu-se um sistema de técnicas presidido pelas técnicas da informação, que passaram a exercer um papel de elo entre as demais, unindo-as e assegurando ao novo sistema técnico uma presença planetária. Só que a globalização não é apenas a existência desse novo sistema de técnicas. Ela é também o resultado das ações que asseguram a emergência de um mercado dito global, responsável pelo essencial dos processos políticos atualmente eficazes.” (SANTOS, 2002, p. 23-24)

A partir disto, compreende-se que as mídias são um recurso metodológico que contribuem no ensino da Geografia, pois permitem desenvolver o pensamento crítico do estudante. 

 

Referências:

ARROYO, M. M. A trama de um pensamento complexo: espaço banal, lugar e cotidiano. In: CARLOS, Ana Fani (Org.). Ensaios de geografia contemporânea – Milton Santos: obra revisitada. SP: Hucitec, 1996. p.55-62

CHRISTOFOLETTI, A. As características da nova geografia. In: CHRISTOFOLETTI, A. (Org.) Perspectivas da geografia. São Paulo: DIFEL, 1982. p. 71-101.

CLAVAL, P. A nova geografia. Coimbra: Almedina, 1982.

ELIAS, Denise. Milton Santos: a construção da geografia cidadã. In: Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, núm. 124, 30 de septiembre de 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 28 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

GOULART, S. Uma abordagem ao desenvolvimento local inspirada em Celso Furtado e Milton Santos. Cad. EBAPE.BR, v. 9, n. 3, outubro, 2006.

LACOSTE, Y. A geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. São Paulo: Papirus, 1988. 263p.

LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira de e TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. 6ed. São Paulo: Cortez, 2008.

MORAES, A. C. R. Geografia: pequena história crítica. 19. ed. São Paulo: Anna Blume, 2003.

NIDELCOFF, Maria Teresa. Uma escola para o povo. 30 ed. São Paulo: Brasiliense, 1978.

PITANO, S. C. NOAL, R. E. O ensino da Geografia a partir da compreensão do contexto local e suas relações com a totalidade. Geografia: Ensino e Pesquisa, v. 19, n. 1, p. 67-78, jan-abr, 2015

_________. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1978

_________. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica. 6. Ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2008ª.

______. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2008c  

TAVARES, Matheus Avelino. SILVA, Aldo Dantas da. Introdução ao pensamento de Milton Santos: Reflexões sobre o “Trabalho do Geógrafo...” GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, N. 30, p. 139 - 148, 2011