Lições de Graça e Cortesia
O ambiente calmo e acolhedor que encontramos em uma escola Montessori é satisfatório e prazeroso, sentimos a sutileza nos detalhes. Podemos observar a livre movimentação de todas as crianças, inclusive aquelas bem pequenas pelos corredores da escola, transportando bandejas com o lanche, segurando objetos, subindo e descendo escadas, de maneira tranquila e segura. Visualizar essas cenas nos faz pensar como e porque tudo funciona de forma tão natural.
As crianças têm ampliada capacidade de internalizar e reproduzir ações e comportamentos que lhes é oferecido como modelo, por isso o currículo Montessori contempla práticas e exercícios que estabelecem um tom de respeito, gentileza, amabilidade, cortesia e boas maneiras.
A educação escolar está para além da sala de aula, pois todos os colaboradores de uma escola fazem parte do processo educacional das crianças. Ao passar por quem cuida do portão, dizer um olá tudo bem?, faz parte do nosso dia a dia, dizer muito obrigado quando recebe uma simples ajuda pelo corredor ou pátio da escola, pedir por favor, por gentileza, ou, com licença são hábitos adquiridos ao passar dos dias, dos meses e dos anos de contato e socialização com esse ambiente facilitador.
Desenvolver o senso de empatia, compreender, por exemplo, que o colega pode estar chateado por algum motivo ou atitude, e respeitar o tempo de cada um, é um grande exercício de cortesia. Saber esperar é um desafio em todas as faixas etárias, na Educação Montessori o imediatismo natural do ser humano é trabalhado quase que em tempo integral, porque a maioria das atividades possuem direcionamento individual. E em cada sala de aula existe apenas um exemplar de cada material, então, se um aluno quer trabalhar com um material que está sendo ocupado por outra criança, ele terá que aguardar a sua vez.
Abrir ou fechar corretamente uma porta, não gritar, nem correr em determinados ambientes, podem nos parecer simples ações, no entanto todas dependem de intencionalidades, materializadas pelos exercícios diários e sustentados pelo modelo do adulto, permitindo a observação e a assimilação do comportamento correto.
Entre tantos exercícios de Vida Prática, podemos citar a rotina de lanche, atividade de constante aprendizado de boas maneiras, graça e cortesia. As primeiras lições são passadas quando o adulto apresenta para a criança a maneira correta de caminhar carregando objetos, a forma adequada de puxar e transportar uma cadeira ou mesa, sem fazer ruídos, quando lhes é apresentado o jeito certo de sentar e levantar, como devem portar-se à mesa, a utilização dos utensílios, como servir o próprio alimento sem desperdícios, além das lições de organização final do ambiente, que precisa ficar limpo e organizado em respeito aos demais colegas que certamente aguardam a sua vez para lanchar.
Aos dois ou três anos de idade é natural que a criança ainda tenha que adquirir o hábito de cumprimetar as pessoas quando chega ou quando vai embora dos ambientes, e para que isso aconteça naturalmente, os adultos são mais uma vez o modelo, por isso, na área de Linguagem também trabalhamos com lições que buscam apresentação formal de como proceder ao chegar e ao sair da escola, e outros lugares.
Chamar as pessoas pelo nome correto é muito importante e agradável, nós adultos, muitas vezes esquecemos o nome de pessoas, nos colocando em situações constrangedoras, e mais uma vez aparece em Linguagem um exercício muito importante de cortesia, que é feito diariamente em sala de aula, com o uso dos cartões de identificação. Este material tem diversos objetivos, mas também serve de instrumento para que as crianças possam visualizar, repetir e internalizar o nome de todos os colegas, por meio da imagem e da grafia registrada nos cartões. Além dessa lição direcionada, apresentar todos os adultos colaboradores da escola pelo seu nome é uma prática comum feita em todos os momentos oportunos.
Oferecer lições como estas, pode parecer absurdamente simples, desde que seja levado em consideração três pilares: a Criança, o Ambiente e o Adulto preparado.
Referências: p.132 TIM SELDIN 2°edição Método Montessori na educação dos filhos.