O amor da criança pelo ambiente
Em uma escola Montessori, os educadores são instruidos e preparados para observar cada criança, coletando informações daquele ser tão especial, com a sensibilidade de compreender o que a criança necessita naquele momento.
O ambiente possui recursos para a compreensão dessa necessidade, e, é importante olhar para ele utilizando o ponto de vista da criança. E foi exatamente assim que Maria Montessori agiu. Ela observou e arquitetou mobílias ideais para atender a demanda das crianças. Sempre de acordo com as etapas do desenvolvimento, buscando sempre trazer delicadeza e simplicidade.
Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem, e tão leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente transportá-las; cadeirinhas, de palha ou de madeira, igualmente bem leves e bonitas, e que fossem uma reprodução, em miniatura, das cadeiras de adultos, mas proporcionadas às crianças (Montessori, Pedagogia Científica).
Montessori traz a consiencia que a disposição das estantes, mesas e cadeiras, oportunize a criança o autocontrole dos seus movimentos, para que mova-se com tranquilidade. Esse mesmo ambiente precisa ser calmo, alegre e belo e, deve ser mantido limpo, organizado e bem iluminado, com materiais em condições de uso. Todos esses móveis devem ser baixos, leves e muito simples, diz Montessori.
A criança contempla e absorve o ambiente com muita intesidade e amor, nutre–se dele, e absorve detalhes imperceptíveis pelos adultos. Ela se torna parte deste ambiente, extraindo os recursos essencias para a sua vida e a formação da sua personalidade. Porque ela observa com amor, sua inteligência pode lhe revelar o invisível, diz Montessori.
Com efeito, pode-se considerar como um amor pelo ambiente aquele impulso irresistível que, durante os “períodos sensíveis”, une a criança às coisas. Não se trata do conceito que comumente se tem do amor, indicando com essa palavra um sentimento emotivo: é um amor de inteligência, que vê, observa e, amando constrói. Aquela inspiração que impele as crianças a observar poderia chamar-se, com uma expressão dantesca, intelecto de amor (Montessori, O Segredo da Infância).
Assim como Montessori, precisamos estar atentos ao ambiente que os nossos pequenos estão inseridos, buscando sempre preparar um espaço novo, trazendo novas possibilidades e desafios, seguindo as fases do desenvolvimento e os interesses de cada criança.
Caroline Natalia Xavier Luiz – março/2023